FATOS & LETRAS - CULTURA PARAIBANA

 

FOLCLORE POLÍTICO PARAIBANO

OS FATOS AQUI NARRADOS FORAM PESQUISADOS EM LIVROS, JORNAIS E REVISTAS, COM A DEVIDA IDENTIFICAÇÃO DE SUAS FONTES

ANTONIO MARIZ

ARNÓBIO VIANA

DAMÁSIO FRANCA

EDVALDO MOTTA

BIVAR OLINTO

ERNANI SÁTYRO

CLARENCE  PIRES

CLÓVIS SÁTYRO

JOAQUIM LACERDA

HUMBERTO LUCENA

JOSÉ CAVALCANTI

JUDIVAN CABRAL

JÓRIO MACHADO

MARTA RAMALHO

MIGUEL SÁTYRO

FLÁVIO RIBEIRO

NECO VIANA

NABOR WANDERLEY

ORLANDO ALMEIDA

OSWALDO TRIGUEIRO

PEDRO MEDEIROS

PRAXEDES PITANGA

 

 

CONTADA POR PROTAGONISTA "CAUSO"
HELDER MOURA

JORNAL CORREIO DA PARAÍBA 18/07/1998

 

ANTONIO MARIZ

 

Durante a campanha de 1994, a comitiva do PMDB fazia uma   cruzada pelo Estado, quando se decidiu por fazer um comício em Santa Terezinha, próximo de Patos. O locutor era dos mais entusiasmados,. daqueles que se alteram em cima do palanque de tal forma, que as veias do pescoço ficam saltadas. Lá pelas tantas, após falarem vários oradores locais, o locutor disparou: “E agora, vai falar a dignidade, a honra, a hombridade...” Deu uma pequena pausa, e então arrematou:

“Vai falar o Senador Humberto Lucena”.
Antonio Mariz, que estava ao lado de Ronaldo, não se conteve:

“Oxente, e eu pensando que era eu”.

RAMALHO LEITE ARNÓBIO VIANA

Arnóbio Viana, então prefeito de Solânea, promovia comício onde Ramalho Leite era o candidato a Deputado. O locutor era Derci e o tema dominante era o aumento da gasolina.

 Querendo dar sua contribuição ao tema discorrido pelos oradores, Derci deitou falação:

 - O aumento da gasolina faz mal à saúde...

 Antes que concluisse a frase, recebeu uma canelada de Arnóbio.

 Sem demonstrar incomodar-se com a advertência que atingiu a sua perna, Derci gaguejou:

 - Eu explico, eu explico...Vai uma ambulância com um doente para o hospital, falta gasolina na ambulância. O doente morre. Então, o aumento da gasolina faz mal à saúde...

ZÉ CAVALCANTI BIVAR OLINTO

Bivar Olintho, que foi prefeito duas vezes de Patos, deputado estadual e federal, foi, sem dúvida, no seu tempo, o político mais popular daquela cidade, em cuja residência, Maria, uma morena trintona, tornou-se, pela sua hospitalidade, pela sua gentileza e pela sua dedicação, a pessoa mais estimada de quantos eram amigos daquele prestigiado político.

Tanto, que para o casamento dela seu "Mané", um caboclo meio encabulado de lá mesmo da cidade, a família fez uma grande festa na fazenda Jurema, do coronel Antonio Gomes, sogro de Bivar, à qual compareceu o grande mundo político e social de Patos.

 Casamento de gente muito importante, sim senhor!!

 À tarde, logo que o casal deu entrada na sala principal da casa da fazenda, o noivo "Seu Mané", sentou-se numa cadeira, tirou o chapéu e o colocou sobre a braguilha, sem dali se levantar mais para coisa alguma.

 O forró, que começou cedo, puxado à sanfona, já ia lá pelas dez horas da noite, quando Stoessel Wanderley, um dos mais íntimos amigos de Bivar, portanto, também de Maria, tirou-a para dançar e, antes de terminar a parte, segurando-a pelo braço, aproximou-se do noivo e disse:

 - "Seu Mané", vá terminar de dançar esta parte com Maria !

 E ele, com as duas mãos sobre o chapéu, posto na braguilha, agradeceu:

 - Não senhor. Muito obrigado, eu faço questão que o senhor vá terminar a parte dançando com ela...

 Nisso, Stoessel se abaixou e perguntou no ouvido dele:

 - "Seu Mané" parece que está com o "prego" duro!

 E ele:

 - Tou, sim sinhô, derne das quatro hora da tarde quando me sentei aqui!...

RAMALHO LEITE CLARENCE PIRES

Clarence Pires, ex-prefeito de Sousa e ex-deputado estadual, é figura humana da melhor estirpe. Com uma turma boa, era capaz de amanhecer o dia em tertúlia alcoólica. Sem dúvida, Edivaldo Motta, também afeito ao "halterocopismo", tinha que ser seu companheiro inseparável.

Uma noite, no elite Bar, nos encontramos para uma revisão dos fatos políticos, lubrificando a garganta de vez em quando com boas doses de whisky. Encerrada a conta, fomos deixar Clarence em sua residência nova, perto do retão de Manaíra, que ainda não tinha essa denominação e era verdadeiro deserto. Clarence "passara das medidas" e não se lembrava do caminho de casa. Edivaldo, ao volante, também "esquecera" o caminho, e eu não o conhecia. Paramos em uma barraca e perguntei:

 - Menino, você sabe onde é a casa do deputado Clarence Pires ?

 O menino botou a cara para dentro do carro e espantou-se:

 - Oxente! E esse não é o deputado Clarence?

E Clarence, acordando de mais um cochilo, respondeu:

 - Que eu sou Clarence, eu sei. Eu não sei é onde é a minha casa...

ZÉ CAVALCANTI CLÓVIS SÁTYRO

Clóvis Sátyro  foi prefeito de Patos quatro vezes.

 Era o maior fazendeiro das Espinharas, cavaquista de não ter outro igual, e perguntador do que não gostava de ser perguntado.

 Um certo camarada de Patos, metido a ser importante, largou a família e foi morar no Maranhão, de onde só voltou alguns anos depois, ainda mais metido a importante. Depois da volta, ao se encontrar com o Dr. Clóvis no bar do saudoso Inácio Fernandes, numa hora de muito movimento, esnobou:

 - Alô, Dr. Clóvis, como me sinto feliz em encontrá-lo assim tão forte!

 - Obrigado. Eu também me sinto feliz em saber que você está bem de vida.

 E o cara, que era pábulo demais, soltou a língua, dizendo exageradamente:

 - Ah, que estou bem de vida, estou mesmo! Já ganhei muito dinheiro depois que saí daqui. Aqui no Nordeste não há outro Estado melhor para se enricar do que o Maranhão!

 - Assim ?

 - Assim, sim senhor!

 - Muito bem!

 Nisso, o cara falou:

 - Mas o senhor está careca, hein ?

 E ele em cima da bucha:

 - E você, cada vez mais besta!...

ABELARDO JUREMA CLÓVIS SÁTYRO

Contam que um dia Clóvis Sátyro, as voltas com problemas com o Exército, em Recife, criados por um homônimo que desertara das fileiras, espairecendo em um Cabaré (década de 1930), ao ser provocado por uma "lady", foi logo dizendo: 

"Minha filha, deixe primeiro que eu me desenrasque de umas coisas por aqui...Primeiro as obrigações, depois os deleites...".

RAMALHO LEITE DAMÁSIO FRANCA

Damásio Franca era conhecido pela facilidade com que se livrava dos pedidos incômodos. Antes de ser prefeito foi várias vezes presidente do Cabo Branco, melhor clube desta Capital. À época, a entrada de um novo sócio dependia de rigorosa seleção. Determinado comerciante desejava ser sócio do clube, mas sua reputação não condizia com os quadros que se desejava para a agremiação. Damásio, porém, político experiente, não queria fazer um inimigo e resolveu "empurrar com a barriga" a pretensão do futuro sócio e avisou:

 - A diretoria votou uma resolução e agora só entra novo sócio no clube quando morrer outro. Isto é, um na vaga do outro.

 O comerciante se chamava Antonio, e por aqueles dias faleceu H.Tourinho, sócio remido do Cabo Branco. O futuro sócio correu até Damásio, cobrando sua vaga. E Damásio prolongando sua posse:

 - Que pena, seu nome é Antonio e quem morreu foi Hidelbrando. Quase que você ganha a vaga, mas tem que morrer um sócio cujo nome comece com a mesma letra do seu nome. É a ordem alfabética, já ouviu falar?...

 E lá se foi o comerciante torcer pela morte de um Antonio qualquer que lhe abrisse vaga no Cabo Branco...

 

RAMALHO LEITE EDVALDO MOTTA

Edvaldo Motta era especialista em "pregar peças" nos companheiros. Orlando Almeida, nosso colega de Assembléia, era uma das suas vítimas preferidas. No governo Braga, o secretário Loureiro promovia farta distribuição de cadernos, carteiras escolares, ventiladores, geladeiras para escolas e associações, contemplando não só os deputados do governo, mas também os da oposição. Edivaldo, líder do PMDB, levava o maior quinhão.

 Meu filho Ricardo ia se casar e convidou Orlando e Edivaldo para padrinhos. Edivaldo esteve na minha casa e viu no meu escritório uma geladeira que Ricardo recebera de presente do seu tio, Augusto Aragão. Com essa informação, resolveu enganar Orlando.

 Estávamos no Cassino da Lagoa quando Orlando indagou de Edivaldo qual o presente que ele ia dar aos noivos, e convidou-o para comprarem um só, pois, juntos, dariam um presente melhor. Edivaldo, porém, negou-se a dividir a despesa:

 - Eu já dei o meu. Você, se quiser, que compre o seu.

 Orlando indagou que presente ele dera.

 - Dei uma geladeira.

 - Mas Edivaldo - ponderou Orlando - você comprou uma geladeira sozinho, poderia ter dividido comigo!

 E Edvaldo, para surpresa de todos:

 - Comprei coisa nenhuma. Dei uma geladeira daquelas que Loureiro doou para uma associação de Patos.

 - Você é um irresponsável, protestou Orlando, aos gritos. Não acredito!

 Para que Orlando acreditasse, no final da noite passaram pela minha casa para que eu mostrasse a geladeira, presente que meu filho recebera do seu tio, repito.

 Até hoje Orlando acredita que Edivaldo presenteou mesmo uma geladeira da Secretaria de Educação... 

 

ZÉ CAVALCANTI EDVALDO MOTTA O deputado Edvaldo Motta, de Patos, falando num comício, no bairro de São Sebastião, daquela cidade, tentando dar uma de honesto, num tom de muita seriedade, coisa que ele só possuia para consumo, disse:
- Engano a tudo, menos à minha consciência. Não! Á minha consciência, não! Prefiro antes, dar um tiro no ouvido a engana-la...
Um  gaiato,  de lá do meio da multidão silenciosa, emendou:
 - FOGOOOOOO!!!
RAMALHO LEITE EDVALDO MOTTA Uma noite, chegou na casa da mãe do deputado Edivaldo Motta, de quem já foi rendeiro, e falou para dona Zefinha:
- Eu vou me candidatar a vereador, comadre.
- Por qual Partido, compadre Chico?
- Pelo da benevolência.
Dadá, irmã de Edvaldo, presente, saiu da sua, e perguntou:
- E o que é que você vai fazer como vereador, Chico?
- Vou fazer o mesmo que Edivaldo faz: beber cana e conversar besteira...
ZÉ CAVALCANTI ERNANI  SÁTYRO

Ernani Sátyro e José Cavalcanti estavam em campanha, fazendo comício na cidade, diariamente, e nos distritos do município de Patos, que naquele tempo eram sete - em todos os fins de semana, aproveitando os ajuntamentos das feiras distritais e das missas.

 A verdade é que Ernani Sátyro não se cansava de fazer política, daí, talvez, a razão das suas constantes vitórias eleitorais.

 Ele candidato à reeleição para deputado federal, e José Cavalcanti candidato à reeleição para deputado estadual, foram, num domingo, fazer comício na sede do distrito de Passagem.

 Lá, depois do comício, foram para a casa de um amigo, onde almoçariam.

 Enquanto esperavam pelo almoço, Ernani sentou-se num sofá e, tão logo, foi ladeado por uma dona bem apresentável, alegre e conversadeira, a quem ele deu toda a atenção, ao ponto do marido da dita cuja ficar andando de um lado para o  outro, mostrando uma ponta de ciúme, o que deu motivo para que Ernani o advertisse, dizendo:

 - Amigo velho, venha cá.

 - Pronto, doutor.

 - Você parece que está com ciúme de sua mulher ?

 - Estou, não, senhor. Estou  não, senhor.

 E ele:

 - Porque se for de mim, pode ficar sem cuidado, que o meu azeite só está dando mesmo para a candeia de casa !...

ABELARDO JUREMA ERNANI SÁTYRO

Ernani Sátyro não era de convívio fácil, para os que o conheciam superficialmente. Sem os salamaleques do agrado, costumeiro, viril nas afirmações, ainda que desagradasse os que lhe cercavam, era entretanto, autêntico.

 Num almoço em João Pessoa, na praia de Tambaú, homenageado por tradicional familia paraibana, com a feijoada cobrindo o prato, ao ser convocado pela dona da casa - Presidente de uma maternidade num munícipio paraibano - para assegurar a ajuda financeira ao empreendimento, foi logo dizendo:

 - "Se soubesse que o almoço era para pedidos, não teria vindo... "

 Até o mar se encapelou!

ABELARDO JUREMA ERNANI SÁTYRO

Não eram poucos os homens públicos na Paraíba que em vilegiatura pelo Rio ou Brasilia, perguntavam como quem não queria querendo, "o que o Ernani Sátyro pensa em fazer ou ser..."
O que ele pensava em fazer ou ser, presumia-se, mas não era difícil saber o que ele não queria ser, e não desejava nem pechincha: remanso, com o capim crescendo à sua porta!

Quando Governador da Paraíba, recebeu o Diretor local da Polícia Federal que lhe vinha solicitar o avião do Estado para pesquisar contrabandistas no litoral. Respondeu que não podia dar por vários motivos, entre eles o de que o piloto era civil e contratado para missões pacíficas. O policial falou   então em tom de quase censura, dizendo que era a Revolução que assim o exigia. A resposta foi fulminante:

 - "A Revolução aqui no Estado da Paraíba sou eu que a governo por indicação do Presidente da República e ratificação da Assembléia Legislativa do Estado".

ABELARDO JUREMA ERNANI SÁTYRO

O então deputado José Joffily já dizia que "poucos homens são sinceros como o Ernani Sátyro que não adula ninguém, nem corteja elogios nem quer ser bom moço, afirmando corajosamente o que realmente é".

 Na eleição do General Ernesto Geisel para Presidente da República, achando-se em Brasília, estava na espectativa de uma bem lançada edição de A UNIÃO (orgão oficial do Estado) sobre o acontecimento, especialmente porque o novo Presidente havia começado a sua vida na Paraíba, onde tinha sido Comandante de uma Bateria de Dorso e Secretário da Fazenda. Veio a grande "barriga" A União publicando a notícia em primeira página, com o nome do General Ernesto Geisel trocado por Orlando Geisel. Repercussão negativa em toda a parte. Regressando a João Pessoa, logo no aeroporto, disse para o Secretário de Divulgação e Turismo, ao qual estava subordinada A União, que fosse ao Palácio imediatamente. Apresentando-se o Secretário, disse que precisava explicar e dar-lhe conta das providências...Não conseguiu terminar, pois o Governador foi logo dizendo:

 "Eu pensei que você já vinha-me trazer o seu pedido de demissão..." E foi demitido, mesmo sem pedido...

ABELARDO JUREMA ERNANI SÁTYRO

Ernani Sátyro mesmo visceralmente político, não era homem do povo, no sentido demagógico a que tanto nos entregamos, que buscam a popularidade fácil e que encaram a política não como arte, na expressão aristotélica, para exercê-la sem engenho, somente com a habilidade da prestidigitação psicológica.

No aeroporto do Galeão, entre figuras da maior importância política da Paraíba, conversando com um e com outro, antes da convocação para a viagem, chamou dois grandes amigos para um papo reservado. Uma alta figura, seu amigo dileto, reaproximou-se e foi logo ouvindo:

 "Não amigo velho, com você já conversamos tudo e não há mais novidade. Deixe que aproveite o tempo com esses com quem ainda não conversei..."

ABELARDO JUREMA ERNANI SÁTYRO

No Clube de Engenheiros, em Tambaú, ao sentar-se à mesa para o almoço de homenagem, aceito o convite com o compromisso de não haver discurso, Ernani Sátyro foi deparando com um dos circunstanciados que já estava puxando a peça do bolso. Não titubeou:

"Com discurso, vou-me embora..."

 Guardou-se o discurso e a peixada continuou.

 
ABELARDO JUREMA ERNANI SÁTYRO

Ernani Sátyro não guardava nada. Conveniência não era o seu forte. Sobretudo quando se tratava de definições, de decisões, de pronunciamentos. Falava alto mesmo, para ser ouvido por quem queria ou não. Não era dos que preferem a derrota no silêncio, mas só se este o conduzisse à vitória. Entre guardar e perder, preferia ganhar sem guardar.

 Diálogo áspero, contundente até, teve Sátyro com o Presidente Jânio Quadros, numa recepção no Palácio Alvorada, quando eram recebidos parlamentares. Em massa, a Arena, na época UDN. Um outro parlamentar do MDB, PSD do momento. Um deputado pedessista aproximou-se de Ernani Sátyro e pediu-lhe para levá-lo ao Presidente. Era só um cumprimento.

 Ao cumprimentar o Presidente, o deputado disse que ali estava só para esta cortesia, pois não tinha nada a pedir, a não ser a elevação de quotas de importação para o seu Moinho de Trigo. O Presidente chamou José Aparecido, seu Secretário, e disse-lhe:

 "Tome nota, Aparecido, o que é o Congresso Nacional".

 Ernani Sátyro disse para o Presidente que aquilo não era o Congresso Nacional. Jânio insistiu para Aparecido tomar nota, quando Ernani segurando o braço de José Aparecido e em tom quase gritando e olhando firme para Jânio Quadros, disse:

 "Não, José Aparecido, isto não é o Congresso Nacional, não é não, Aparecido!..."

 O Presidente Jânio Quadros se misturou a outros grupos e Ernani Sátyro nunca mais foi à Presidência da República.

RAMALHO LEITE ERNANI SÁTYRO

Ernani Sátyro governava a Paraíba e construiu a sede própria da Assembléia Legislativa, comprando uma briga eterna com a intelectualidade, por haver derrubado o antigo prédio de A União. Na inauguração do novo edifício, quis realizar uma grande festa para minimizar os comentários negativos. Ramalho Leite foi encarregado por Dorgival Terceiro Neto, prefeito da Capital, de promover o evento. Na festa popular, até o cantor Miltinho foi incluido como atração.

 Às vésperas da festa, Ramalho Leite foi chamado ao Palácio. O Governador desejava saber dos preparativos e Ramalho encaminhou-se ao seu gabinete, através da Casa Militar. Ao chegar, o Major Geraldo, fiel escudeiro de Ernani, o advertiu:

 - Ramalho, quando entrar se desculpe ao governador porque está em "mangas de camisa"...

 Ramalho concordou e foi entrando e falando, sem esconder o nervosismo:

 - Governador o senhor me chamou às pressas e não tive tempo de botar o palitó...

E ele:

 - Tem nada não, amigo velho, mas da próxima vez não esqueça o palitozinho não, viu?...

FLÁVIO SÁTIRO FILHO ERNANI SÁTYRO

Sempre que vinha a João Pessoa, Ernani Sátyro visitava o seu sobrinho, Flávio Sátiro Fernandes, Conselheiro do Tribunal de Contas, a quem tinha muita estima, principalmente pela afinidade de ambos com as letras.

 Numa dessas visitas, sempre acompanhado do Major Geraldo, após alguns minutos de boa conversa e umas doses de whisky, chega um filho menor de Flávio e se encosta ao lado da cadeira onde estava o Ministro. Enquanto a conversa seguia o menino mexia com um pedaço de plástico, chamando a atenção de Ernani que, incomodado, não contou conversa:

 - ô menino! Vá mastigar seu plasticozinho prá lá váaaaaa !...

ZÉ CAVALCANTI FLÁVIO RIBEIRO COUTINHO

Dr. Flávio ainda estava no governo e numa tarde recebeu uma grande comitiva de políticos do Vale do Piancó.

 - O que é que os senhores desejam?

 - Vimos aqui pedir ao senhor para tirar o promotor de Piancó.

 - É um rapaz jovem que chegou recentemente aqui na Paraíba, vindo do Rio de Janeiro?

 - É esse mesmo.

 - Achei-o bem simpático.

 - É...ele bem simpático mesmo, mas não serve para nosso promotor, não.

 - Mas, porque não serve ?

 E o chefe da comitiva:

 - É o seguinte, Dr. Flávio. O sujeito é um chupão nojento!

 E ele estarrecendo a todos:

 - Quer dizer, que ele está começando por onde todos nós vamos terminar, não é?

RAMALHO LEITE HUMBERTO LUCENA

Humberto Lucena, senador e presidente do Senado tinha o seu gabinete de portas abertas aos paraibanos. Nós, deputados estaduais, quando lá chegávamos, transformavá-mos o ambiente em amplo salão de debates dos problemas da Paraíba. Humberto perguntava e procurava se atualizar com as informações que levávamos. De vez em quando, pedia licença para conceder uma audiência, previamente marcada.

 Edivaldo Motta que não perdia uma oportunidade para fazer rir, em uma dessas saídas de Humberto para "receber uma comissão", pediu:

 - Humberto, me dê pelo menos "cinco por cento"...

 O Senador, que tem pouco senso de humor, espantado cuidou de justificar que era uma comissão de servidores federais...

HELDER MOURA

JORNAL CORREIO DA PARAÍBA - 29/07/1998

HUMBERTO LUCENA

A campanha de 1994 corria a todo vapor. O PMDB velho de guerra enfrentando Lúcia Braga. Naquele final de semana, as principais lideranças do partido estavam em Cajazeiras.
 Antonio Mariz, José Maranhão, Humberto Lucena e Ronaldo Cunha Lima se movimentavam para definir a eleição a partir do Sertão.
 Estavam na casa de um velho líder político em Cajazeiras, quando chegou um antigo correligionário de Humberto, fazendo-lhe um relato dramático. Dizia que sua esposa se encontrava operada no Hospital Edson Ramalho, em João Pessoa, e que não tinha sequer o dinheiro da passagem. Humberto se sensibilizou com a situação e prometeu ajudar. Então, tirou uma nota de um real e deu ao rapaz. Quando viu o dinheiro, o rapaz balbuciou:

- Senador, eu quero ir pelo menos de ônibus. Pelo correio, não!

ZÉ CAVALCANTI JOAQUIM LACERDA

Joaquim Lacerda, ex-prefeito de São José de Piranhas, pai do deputado Zé Lacerda, foi, naquele município, o chefe da UDN durante a longa existência daquele partido, graças à sua natural e instintiva astúcia de político, com a qual supria o seu pouco saber de letras, manobrando, ardilosamente, a matutada que seguia a sua orientação.

 Certa vez, Lacerda convenceu, Noé  do Touco Preto, um candidato a vereador, derrotado pela terceira vez, em cada uma com inexpressiva votação, a se candidatar pela quarta eleição, depois deste diálogo entre os dois:

 Lacerda:

 - Noé velho, mande preparar suas chapas e previna os seus eleitores, que você será candidato novamente a vereador.

 Noé:

 - Lacerda, eu já cansei de ser candidato a vereador, só para perder.

 Lacerda, valendo-se de sua astúcia:

 - Só que com a lei nova, desta vez, com toda certeza, você será eleito.

 Noé com sua boa fé de homem simples:

 - Que lei nova é esta que eu nunca ouvi falar nela?

 E Lacerda, terminando por convencer o candidato:

 - Ah, agora tem uma lei nova que manda somar os votos que o candidato teve nas eleições passadas, para juntar com os desta eleição, que vai se realizar agora. E, se a soma dos votos das duas, der para atingir coeficiente eleitoral, o candidato será eleito. O que, na certa, vai acontecer com você!...

RAMALHO LEITE JÓRIO MACHADO

Jório Machado, jornalista a vida inteira, resolveu incursionar pela política e elegeu-se deputado estadual pelo PMDB. Naquela época, o PMDB governava poucos Estados, e o Amazonas era um deles. Gilberto Mestrinho veio à Paraíba a convite do partido e Edivaldo Motta encarregou-se das homenagens ao ilustre correligionário. Em retribuição, o governo do Amazonas convidou uma delegação de parlamentares paraibanos para conhecer um projeto de colonização que era implantado às margens do rio Aripuanan.

 Fomos eu, Zé Lira, Jório, Edivaldo e Clarence Pires.

 Estávamos na Zona Franca e Jório me chamou para irmos às compras em um grande magazine. Ele ficou em dúvida com o tamanho de um vestido que desejava trazer para a esposa. Não sabendo o número do seu manequim, olhava para um lado e outro, procurando alguém que o socorresse. Vendo a sua indecisão, uma jovem amazonense de rara beleza aproximou-se e, informada da dúvida, perguntou:

 - Sua esposa é assim como eu?

 E Jório, entusiasmado:

 - Ah! Se fosse! Ah! Se fosse!...

  JOSÉ CAVALCANTI

José Cavalcanti sempre andou às turras com o governador João Agripino. Uma questão de temperamentos.

 Numa das campanhas de prefeito, os ânimos ficaram mais acirrados.

 Tanto, que José Cavalcanti ficou surpreendido, quando, numa manhã de sábado, recebeu um telefonema de João Agripino o chamando ao aeroporto de Patos. Dalí, sem qualquer explicação de parte dele, tomaram o avião e seguiram em direção a Catolé do Rocha, onde, somente na chegada, ele o comunicou:

 - O seu amigo Zé Sérgio foi quem mandou que eu lhe trouxesse para tomar parte num comício hoje aqui em Catolé.

 José Cavalcanti não teve como protestar, que já era tarde.

 O candidato adversário de Zé Sérgio era o Frei Marcelino.

 A noite, no comício, ele foi o segundo orador, anunciado por Isnard Maia, com um estardalhaço danado.

 Começou pregando uma peça contra o governador que estava postado ao seu lado, e de quem queria se vingar.

 Começou assim: - Vocês daqui de Catolé já me conhecem bem, que esta não é a primeira vez que falo aqui em campanha. E, para ser sincero, vou iniciar desagradando a todos, dizendo que se estivesse aqui, acompanharia Frei Marcelino!

 Houve aquele suspense!

 Repetiu:

 - Já disse e torno a dizer: se eu estivesse aqui, acompanharia Frei Marcelino!

 E, tão logo, antes de levar uma bofetada, emendou:

 - Estaria com Frei Marcelino, sim, mas na Igreja, acompanhando procissão e assistindo missa, que ofício de frade é rezar e não fazer política!...

RAMALHO LEITE JUDIVAN CABRAL

Judivan Cabral, deputado estadual, representava o Vale do Piancó. Rivalizava com Soares Madruga a estrutura física e os votos dos sertanejos. Madruga dizia que Judivan usava salto alto só para dizer que era mais alto que ele. Nunca tirei a prova disso. Na discussão dos dois, me aproximei do microfone e me concederam, sem pedir, um aparte. Dispensei-o justificando:

 - Nessa briga de gigantes, pigmeu não entra...

 Para enfrentar Babá Teotônio, porém, muito mais alto e forte, no auge de uma acalorada discussão, Judivan protestou contra a alegação que se fazia do seu tamanho:

 - Depois que a "Taurus" inventou aquele instrumento (e movimentou o indicador), não existe diferença de tamanho.

 Uma empregada doméstica jogou duas crianças do alto do edíficio Caricé. Acostumado a gozar com os dois, aproximei-me de Judivan e avisei:

 - Judivan, cuidado. Quando vier para a Assembléia não passe pelo Caricé.

 E ele, que não tinha lido os jornais, indagou o porquê:

 - Estão jogando criança lá de cima, respondi...

RAMALHO LEITE MARTA RAMALHO

Marta Ramalho, minha esposa e prefeita de Bananeiras, dava expediente na prefeitura atendendo pessoas carentes da zona rural. Havia feito recentemente um convênio com a Benfam, e no posto de Saúde havia farta distribuição de anti-conceptivos, que eram entregues por minha irmã, dra.Fátima, Secretária de Saúde.

 Atendendo a mulheres que já tinham muitos filhos, ela sempre recomendava:

 - Passe lá em dra.Fátima e receba umas camisinhas.

 A recomendação foi repetida várias vezes durante o dia. Oséas Almeida, Secretário da Prefeitura, resolveu indagar:

 - Marta, será que essas mulheres estão entendendo essa estória de camisinha?

 Quando ele acabou de falar, uma das mulheres já atendida por Marta entreabriu a porta e perguntou:

 - Dona Marta, a senhora só tá dando "camisinha"? Não dá uns "vestidinhos" também não?

 A prefeita quase desiste da sua campanha de planejamento familiar...

ZÉ CAVALCANTI MIGUEL SÁTYRO

O major Miguel Sátyro, que foi chefe político de Patos durante várias décadas, ganhou fama de inteligente, prático e moderado, pressupostos que o fizeram admirado e respeitado nos limites do seu domínio político.

 Era, também, pelo que me contam, de uma sabedoria instintiva impressionante. E como entendia bem a psicologia dos caboclos pouco letrados e analfabetos, tanto da cidade como do campo, notadamente, os seus correligionários, amigos e compadres.

 Certa vez, numa segunda-feira, em conversa com o seu compadre Fonoo Gago, do sítio Tubarão, indagou a ele:

 - Cadê aquele meu afilhado, seu filho, compadre?

 - Está solto lá no sítio.

 - Como ele se chama?

 - Alonso.

 - Quantos anos já tem?

 - Vinte e um.

 - É trabalhador?

 - Não. Não faz nada na vida, a não ser comer e dormir.

 - Sabe ler alguma coisa?

 - Sabe. Ler e escrever uma carta.

 - Então, está bem para o que eu quero.

 - E o que o senhor quer dele?

 - Que ele faça a qualificação dos novos eleitores ali em derredor do seu sítio.

 - Com isto, o velho se entusiasmou e disse com ênfase:

 - Ah, o senhor agora acertou numa coisa boa para ele, porque um sujeito preguiçoso, mentiroso e semvergonha, como ele é, só dá mesmo para fazer política!...  

ZÉ CAVALCANTI NABOR WANDERLEY

Iniciaram-se as eleições para Prefeito de Patos, dez dias depois o Dr. Nabor Wanderley, um alto comerciante da cidade, num acesso de loucura, anunciou que era candidato a prefeito e deu logo início à campanha, promovendo um grande comício, na Praça João Pessoa, em frente à igreja de Nossa Senhora da Conceição, do qual participaram vários oradores, num entusiasmo sem precedente.

 Por curiosidade, compareceu uma enorme multidão, transportada dos bairros e dos sítios, em ônibus, caminhões, camionetes e outros veículos, todos financiados pelo candidato.

 Durante todo tempo do comício, nos intervalos entre um orador e outro, era anunciada a passeata, com estardalhaço, o que foi dado início antes mesmo de terminar a concentração.

 O candidato, airoso, foi levado pela multidão num verdadeiro delírio.

 Só que, antes de chegar em casa, o candidato conseguiu saltar dentro de uma casa, na rua Felizardo Leite, de onde ninguém mais conseguiu arrancá-lo, a não ser a esposa, depois que a multidão dispersou.

 Ali mesmo na residência em que ele se omisiara, a esposa indagou:

 - Que tal da festa?

 E ele, meio acocorado, com as mãos entre as pernas, disse:

 - O Comício foi uma beleza! Agora, a tal da passeata, me deixou pensando como é que o Dr. Ernani e o deputado Zé Cavalcanti, aguentam tanta dedada no cú e tantos puchavancos nos ovos!...

ZÉ CAVALCANTI NABOR WANDERLEY Nabor Wanderley, ex-prefeito de Patos, foi quem primeiro possuiu carro volkswagem na cidade de Patos.  Em viagem da cidade para a fazenda, dona Cremilda, esposa do Dr. Nabor, ela própria dirigindo, próximo ao povoado de Santa Gertudes, na BR-230, o motor deu pane e o carro estancou.
 Sem entender de nada, ela desceu, abriu o capô e ficou surpresa. Não encontrou o motor. O que teria acontecido? Perdera-se.
 O primeiro carro que apareceu, por coincidência, coisa rara naquela época, era também volkswagem, dirigido por uma senhora de Cajazeiras. Que ao ver a outra de capô aberto, parou:
- Está no prego?
- Estou, sim. O carro perdeu o motor...
- Não se aperrei – falou a de Cajazeiras - , tentando tranquiliza-la – que o meu tem dois. Hoje de manhã, ao abrir a mala traseira, foi que notei..
ZÉ CAVALCANTI NECO VIANA

Lá pelos idos de 30, o Dr. Salviano Leite veio do Rio de Janeiro, recém-formado em direito, para se candidatar a prefeito de Piancó.

O seu primo, o Dr.Firmino Leite, saiu com ele, a cavalo pela zona rural do município, que, naquela época, era composto de vários distritos.

 Em Aguiar, pernoitaram na casa da Fazenda do velho Neco Viana, tio-avô do ex-deputado Judivan Cabral. O velho fazendeiro, com a sua família, seus moradores e seus amigos, comandava um grupo de uns cem eleitores, para quem, depois da ceia, ainda na mesa, o Dr. Firmino falou:

 - Coronel, o senhor já está sabendo a razão da nossa visita hoje aqui. É que o meu primo, Dr.Salviano, vai ser o nosso candidato a prefeito, para o que esperamos contar com o seu apoio.

 E o velho, que tinha muitas questões de terra e outras encrencas, saiu-se com esta:

 - Certo, doutor. Agora o senhor já deve ter dito a ele, que eu aqui só dou apoio a um candidato que quando a minha razão faltar, ele intere!...

RAMALHO LEITE ORLANDO ALMEIDA

Orlando Almeida, depois que se aposentou como deputado estadual, resolveu dedicar-se exclusivamente à produção e distribuição de leite em Campina Grande, proprietário que é de uma bem organizada fazenda à entrada da cidade.

 Ronaldo Cunha Lima governava o Estado. Apesar de adversário, Orlando sempre foi seu amigo e, aliás, era o seu vice, quando da sua cassação. Edivaldo Motta voltando de Brasília me encontra na Assembléia e pergunta como vai a "briga" entre Ronaldo e Orlando.

 - Desconheço - respondi surpreso.

 - Pois é briga pra não acabar mais - explicou Edivaldo.

 Indaguei o motivo e ele, gozador:

 - Orlando vai falir na venda de leite e está culpando Ronaldo por isso! É que Ronaldo aumentou as taxas d'água e tornou o leite de Orlando muito caro...   

ZÉ CAVALCANTI OSWALDO TRIGUEIRO DE ALBUQUERQUE MELO

O maior amigo pessoal e político do governador Oswaldo Trigueiro, aqui na Paraíba, foi o desembargador aposentado, Braz Baracuy, que não se conformava em ver o amigo andar pelas ruas da cidade desacompanhado de um segurança.

 - O que você está fazendo é uma temeridade. Um governador de Estado, tem que ter a sua segurança, que onde está o poder, está o perigo.

 O governador, confiante:

 - Se eu não penso em ofender ninguém, porque então devo ter medo de alguém?

 E lá, num certo dia, entrou em Palácio acompanhado de um capanga, trazido do seu próprio sítio, e o apresentou ao governador:

 - A partir de hoje, este homem vai ficar lhe acompanhando, discretamente, à distância, todas as vezes que você sair pela cidade.

 E, em seguida, ordenou que o sujeito tirasse a camisa e mostrasse as suas costas rendadas de cicatrizes de bala, confirmando que de fato tratava-se de um sujeito valente.

 O governador, constrangido, aceitou a oferta, mas o advertiu:

 - Melhor não seria o outro que fez este rendilhado de balas nas costas dele?...

RAMALHO LEITE PEDRO MEDEIROS

Pedro Medeiros, ex-delegado de polícia e deputado estadual, sempre foi pouco afeito aos ambientes de luxo. Na noite em que Escorel, chefe da Casa Civil, sofreu um grave acidente de trânsito, jantamos com o governador Burity no Hotel Tambaú. Ao meu lado, já na sobremesa, Pedro Medeiros reclamava do pudim:

 - Que bicho ruim...

 - Mas Pedro, disse eu, com tantas iguarias tu pedes pudim de jerimum!

 - Não é de jerimum, é de outra coisa - contestou.

 Para tirarmos a dúvida, chamamos o garçon, que se aproximou com o carrinho da sobremesa, e Pedro indagou:

 - De que é esse pudim, amigo velho?

 - De abóbora - respondeu o garçom, para a satisfação de Pedro:

 - Eu não disse que não era de jerimum?!!!  

ZÉ CAVALCANTI PRAXEDES PITANGA

Praxedes Pitanga, em final de mandato, estava rodeado de amigos, fazendo o "inventário", destribuindo os cargos proporcionalmente com todos aqueles que o serviram com dedicação, quando o seu segurança, Zé Mangueira, acusado de vários crimes, o interpelou:

 - E o que é que vai me tocar, Dr.Pitanga?

 Ao que ele respondeu, no "sufragante":

 - Vai continuar solto!...

VOLTAR AO SITE